A Fórmula para a Felicidade

A medida que crescemos as conversas mudam, e as perguntas sim, apesar de o conteúdo ser mais ou menos o mesmo.

Quando estamos solteiros é: E os namoros, como estão?

Quando estamos conhecendo alguém é: Vai enrolar até quando?

Quando estamos namorando: O casamento sai quando?

Quando enfim casamos: E os filhos/netos vem quando?

Mas por que eu falo que é quase sempre o mesmo tipo de pergunta? Porque em todas elas há por trás uma ideia de cobrança do que as pessoas em geral entendem ser necessário para a felicidade.

Creio que não seja por mal, mas esse modelo de felicidade realmente ainda é válido?

Em um primeiro momento da humanidade, estar em uma união que gerasse filhos era primeiramente questão de sobrevivência, para ser numericamente maior e ter mais chance, me referindo a períodos selvagens, desde as primeiras organizações (genos, fratrias, tribos e os primeiros embriões das cidades estados e reinos).

Contudo, dessa época para cá, muita coisa mudou, valores culturais mudaram, sociedades se transformaram, métodos de controle de natalidade que há existiam no período do Egito antigo foram aprimorados (preservativo masculino) e diversificados, de maneira que hoje tem-se uma gama de opções, com produtos de uso interno, externo e de curto ou longa duração no corpo humano, sem falar também nos métodos de intervenção em uma gestação.

Hoje em dia, filhos não são mais um imperativo na vida de todos, tornando-se uma opção, prova de que essa “necessidade” reduziu drasticamente é que nossos avós provavelmente tinham famílias enormes, a dos nossos pais foi menor e hoje, é comum que uma família não passe 3 filhos, mas a meta ideal para muitos é 1 ou 2 filhos.

Enquanto a filiação é reduzida, fenômeno similar visualizamos na vida 2, muitas pessoas hoje em dia optam por se casarem mais tarde, novamente retomando exemplo dos avós, casamentos eram na volta dos 20 e poucos anos ou antes mesmo, até porque a expectativa devida naquela época raramente excedia os 60 anos, e pessoas com mais de 40 anos já eram tidas como idade avançada.

Hoje a quantidade de pessoas que prioriza a carreira profissional a frente de uma relação afetiva é muito maior, deixando para se casarem para depois dos 30 as vezes próximas dos 40 ou mais. Isso seria reflexo de dois fatores, em minha análise, reflexo da igualdade de necessidades de alcançar sucesso profissional (dentre os homens e as mulheres), a revolução causada pela pílula na sociedade pós-moderna (explicarei melhor em outro texto) e a superação da ideia da necessidade de uma relação afetiva para a felicidade, sendo as vezes “substituída” pela realização profissional.

O que quero dizer com tudo isso é que, as pessoas podem serem felizes sem necessariamente se envolverem profundamente com outras pessoas.

A felicidade é algo pessoal, não existe uma fórmula externa para alcançá-la, ela acontece no plano interior do ser humano, as pessoas têm que encontrarem e si mesmas as razões para se fazerem felizes. Depositar essa responsabilidade em outra pessoa é um peso que nenhuma relação aguenta.

Comparando sensos de diversos países com IDH avançado, é crescente o número de casais sem filhos e lares de uma pessoa só. Disso podemos concluir que esse comportamento pode ser uma tendência. Inclusive há países que incentivam a migração exatamente para combater baixas taxas de natalidade frente a crescente envelhecimento da população.

A conclusão disso tudo é, se tu és feliz, sentindo realização no seu modo de vida, está bem. Não necessariamente precisamos de outra pessoa para sermos felizes, podemos ser por nossa conta, isso dá mais liberdade, sobre o próprio tempo, planejamento de viagens e etc.

Quem quiser a fórmula antiga, que siga, por um pouco mais de 5.000 anos ela deu conta do recado para alguns.

Nelson Camargo
Humano em constantes atualizações de sistema, trinta e poucos anos, dependente químico de carboidratos e cafeína.