Virei mãe e agora?

Olá, meu nome é Larissa, tenho 19 anos e sou mamãe da Isabela de 2 anos, sou uma mãe adolescente e solteira!

Engravidei aos 15 e a Bela nasceu quando eu tinha 16 anos, uma gravidez mega conturbada, devido a problemas no meu relacionamento com o pai. Bom, no começo sem dúvidas o maior susto que eu já levei na minha vida, poderia dizer que foi quase um “choque de realidade”, por pensar que certas coisas nunca aconteceriam comigo, confesso que o susto demora algum tempo pra passar e a ficha demora a cair.

Foi um tanto complicado, não era algo que eu queria e esperava, logicamente o preconceito é absurdo, não apenas por ser mãe solteira, mas por ser uma mãe adolescente, ouvi muita coisa de pessoas que eu pensava que gostavam de mim e que eu esperava que fossem meu suporte, mas enfim, as pessoas costumam achar que temos menos capacidade de dar uma boa criação a um filho por causa da idade, como se isso fosse parâmetro.

Eu não tinha maturidade pra ser mãe, claro que não, tinha muita coisa pra viver, e me imaginava vivendo sozinha, um filho mudaria tudo, estudos, trabalho, vida social e blá blá blá, mas primeiro veio o maior amor do mundo pelo ser que estava dentro de mim, depois veio a aceitação e uma força que não sei de onde surgiu, aí veio a maturidade pra lidar com a minha pequena e pra deixar o que as pessoas pensavam de lado, admito que até hoje não entendo como as pessoas ainda conseguem julgar sem saber nem um pouco da história do outro.
A forma como as pessoas veem uma gravidez na adolescência me assusta, sem dúvidas não é algo fácil, mas desde quando existe idade pra sentir todo esse amor que não se explica? Tudo bem, é pular uma etapa, a maturidade está longe de ser o suficiente e de certa forma é uma criança cuidando de outra, mas a partir do momento que não se sente todo esse amor e que não se passa por essa situação, não se julga!

Sofri e sofri muito por conta dos julgamentos, do preconceito, e por outros motivos maiores que eu não vou comentar aqui, porque hoje eu sei com qual propósito que tudo aconteceu na minha vida tão cedo…

Acho incrível como um ser tão pequeno teve a capacidade de mudar meu foco, minhas prioridades, minhas atitudes, minhas escolhas, minha vida! Até eu descobrir minha gravidez apenas tinha sentido um amor de verdade, o amor de filha, onde amamos nossos pais, mas reclamamos quase na mesma proporção.

Hoje eu percebo o quão errada eu fui em vários momentos com as pessoas que me deram a vida e que apesar de tudo isso, foram eles que estiveram ao meu lado em um momento que até pouco tempo atrás parecia ser o mais difícil.

Agora eu sinto na pele o tal amor sem explicação, a tal sensação maravilhosa que a maioria das mulheres sentem , e realmente é algo que não se explica e não se mede, é o tal do amor que dói. Agora eu me pergunto se tem felicidade maior que essa, se tem coisa melhor que sentir alguém se mexendo dentro de ti, se tem honra maior que ser MÃE.

E vou repetir o que eu ouvi do homem que eu mais admiro, no dia em que eu pensei ser o pior da minha vida- “Toda mulher tem que ser mãe um dia, é a lei da natureza, contigo aconteceu um pouco mais cedo, e isso esta bem longe de ser um problema!”.

Independente da idade, da maturidade, das condições, essa é uma coisa divina demais pra acontecer por acaso, e como todos dizem- “ A dificuldade está nos olhos de quem vê”.
EU CRESCI E ME CONSIDERO UMA PESSOA ABENÇOADA, tive total apoio da minha família, a qual não existe palavras pra descrever tamanha gratidão, a Isa veio pra nos unir, pra me mostrar o que é amor de verdade, veio pra me fazer perceber que as coisas não são tão difíceis assim, que a gente que complica um pouco…que nós mulheres somos capazes sim, de fazer várias coisas ao mesmo tempo e sozinhas, ela veio pra me mostrar que a felicidade está na gargalhada mais gostosa do mundo, e no ouvir um simples “mamããeee”, ela me fez reavaliar atitudes, algumas coisas se tornaram fúteis, outra se tornaram ainda mais importantes.

Desde a minha gravidez a Isa era quem me guiava e me dava forças pra tomar as maiores decisões da minha vida, e hoje também é ela quem me faz perceber que fiz as escolhas certas. Ela afastou pessoas e aproximou as melhores, que estão até hoje do nosso lado.

Hoje estou onde estou por causa dela, apenas quero que um dia ela sinta um terço do amor, do orgulho e da gratidão que eu sinto pela minha mãe, eu só quero poder passar um pouco dos valores e do caráter que a minha família me passou, e o fato de ter engravidado aos 15 anos só me ensinou a dar mais valor pro que eu tenho, uma família incrível, uma vida tranquila e as melhores pessoas pertinho de mim.

Hoje a Isabela é a minha luz, meu refúgio, meu porto seguro, e é nela que eu encontro forças pra seguir em frente, apesar de todos os pesares!
Parabéns a todas nós, mulheres, que tiveram a honra e a coragem de ter um filho, independente da idade e da situação e que apesar de todas as dificuldades, tiveram forças pra seguir em frente!

Larissa Libardi
Mãe adolescente e solteira